15 de fevereiro de 2013

Um toque

Por Arthur Castro. Focos Pro

Eu faço verso
Porque falar já não sei mais
Eu faço filme
Porque viver
Não me traz razões cruciais
E em ti penso
Com ânsias descomunais

Eu passo mal
Pois mal não consigo ser
A tristeza que me calha
É aquela
Que não consigo descrever
Maldito seja o poeta que disse
Que “não há você sem mim
E eu não existo sem você”

Eu faço cena
Pra ganhar um beijo teu
Até achava
Que eras o meu Romeu
E que te encontrei na porta
Do insano Ateneu

Eu sei amar
Como quem não ama nada
Eu sei chorar
Como quem chora por saudade
Eu sou criança
Com a inocência da verdade

Não me transmita
Sua descomunal paciência
De achar que sou passível
Nas minhas maiores confidências
Derramando sobre mim o teu fel
Com profunda transparência

Cansada de ti
Já estou
Cansada por inteiro
Eu sei que teus lábios beijo
Depois do tal cinzeiro
E Anjos me disseram
“Que em minha boca tu escarras”
Como quem é derradeiro

Bocas pobres, mal amadas
Que meus ouvidos atormentam
Logo eu, tão avisada
Não entendi um tal mexeriqueiro
Falando quem em minha boca tu escarras
Dito cujo, boateiro

O escarro é um veneno
Que se acomete a qualquer beijo
E que toma de conta
Do vosso corpo por inteiro
É o germe do coração
A doença do ano inteiro

Só que até o pôr-do-sol
Se encerra com um beijo.

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