30 de maio de 2013

Extraterrestre

Kyoko Hamada (I used to be you)
É difícil fazer com que me entendas, meu caro assimilador de palavras. Sou o silêncio que a escuridão não vê e a luz que os olhos não escutam. Maior parte de mim é confusão, na verdade, acho que o que sobra também é. Mas, não me sinto reprimida por inteiro, o sentimento é o meu ganha pão. Afinal de contas, é necessário que alguém traduza as dores do mundo, mesmo que, às vezes, em guardanapos de restaurantes. Entretanto, nessas meras palavras tortas, nota-se que já não se fazem mais seres humanos como antes- de carne, ossos e coração.
Ando por aí tentando sequestrar a poesia de alguns olhares vagos e densos, os quais só me transmitem o cansaço do cotidiano circular e a constante luta por um melhor que nunca chega. As grandes palavras nos outdoors das ruas me tornam um analfabeto da vida. Quem dera os homens de bem pudessem compartilhar de tal sensação comigo, entenderiam por um milésimo de momento, o sentimento de toda uma vida, quer dizer, de todas outras várias vidas.
Essas minhas manias tolas de tentar sentir a brisa do vento no rosto ou o prazer no simples ato de escovar os dentes, já não servem pra esse mundo. Segundos não mais existem, o tempo só se conta em horas, que passam sem que eu perceba a chegada dos meus cabelos brancos e as marcas da vida sobre mim. Esse querer bem sem saber o porquê, só me diz que não sou daqui, eu não pertenço a este lugar.
Apenas sei que as pessoas daqui também nascem e morrem. Assim como no nascimento, a morte aborda a passagem do inexplicável para o desconhecido, fato que traz um medo remoto e um calafrio que sai dos pés a cabeça só de pensar no assunto. Há quem não goste de falar de morte, porém, faço-lhe a mesma pergunta truã e clichê que todos sempre fazem- Qual a única certeza do futuro?
Pensando bem, se pararmos para analisar, o futuro nem existe. Trata-se apenas da nossa ansiedade fiel de querer dominar o tempo, e assim, dividimos em nossa cabeça por passado, presente e futuro. O passado são as lembranças que restaram e que por algum motivo, se impregnaram em nossa mente, de forma a servir de exemplo para os planos póstumos. O futuro não passa das meras aspirações e fracassos que devem ou não ser cometidos outra vez com base no que já passou.
O presente? O presente é o tempo que estamos perdendo a vida enquanto pensamos o que faremos no futuro e analisamos o passado. O presente é essa agonia devota e eterna de querer um “não sei o que” e “não sei aonde” que nos deixa pensativos, dispersos, longínquos...
Não quero limitar-me apenas do passível de acontecer. O tecnicamente “impossível” é que faz com que eu coloque a cabeça todos os dias no travesseiro e pense em acordar. No mais, me contentaria com essa nova vida de robô: planejado e programado para o mundo.

Peço singelas desculpas a “geração Coca-cola”. Eu não sou assim, aqui não é o meu lugar.

10 de maio de 2013

Ser, todos somos


A incôndita de olhar a frente
Só mostra que não sou futuro
Sou um tanto de passado
E muito de presente

Não consigo ser quem gostaria
Pois o gostar é algo tão inatingível
Inigualável
Inacabável
Intangível

Gostar me remete ao tempo confuso
Onde não se sabes ao certo
O que é ódio
O que é amor
Que bom seria ter a certeza cravada no peito
E os olhos no coração

A reflexão do cansaço
Me causa o autismo de refletir
Sobre essa ironia de viver
Desejo chegar o tempo inteiro
Num destino sem fim
Num amor perfeito
Numa terra inexistente

A felicidade que me calha
É aquela de saber
Que sou feliz
Sem nem saber exatamente
Porque sou.
Timothy Archibald (Echolilia: Sometimes I Wonder)

1 de maio de 2013

MAIO DA LEGIÃO!


Acho que assim como eu, muitos compõem o grupo da Legião Urbana que não chegou a viver a época de Renato Russo, mas conheceu sua obra. E que obra! Cada música, cada vídeo, cada parte da sua vida é uma nova descoberta que nos leva a acreditar num mundo melhor e nos faz cada dia mais idolatrar o eterno poeta. Esse mês ele está sendo homenageado em dois filmes- Somos tão jovens- que estreia nos cinemas nessa próxima sexta-feira (03/05), contando a história da vida do idealizador e todo o percurso da banda, e - Faroeste Caboclo (30/05)- a história, que virou poema, que virou canção e agora estará no cinema. Nada é melhor do que prestigiar a cultura brasileira de qualidade, principalmente quando se trata de cinema (espero que não sejamos decepcionados). Grandes expectativas!

Vídeo da semana!

E se Eduardo e Mônica fossem traduzidos para os dias atuais? O que diria Renato Russo? Aposto que existem muitos Eduardos e muitas Mônicas por ai. Vale a pena conferir!