10 de setembro de 2013

Minha reflexão- na tua mente

Timothy Archibald
Eu que tanto cobiço a defasagem
Sentia-me defasada do mundo
Sentimento que calha para a felicidade da alma
E entristece o corpo

Eu que tanto gritei nas esquinas
Clamando o protelamento do fútil
Agora me sinto defasada do toque
Que a solidão prolonga e a infelicidade perpassa

Sinto-me tão igual
Eu que sempre fui diferente
Eu que sempre quis ser
Agora estou aqui

Cito versos inúteis
Que não traduzem a extensão do meu vácuo interno
Falam pouco sobre o meu profundo sentimento
De ilusão não correspondida

Eu que sempre me procurei
Agora fujo de mim
Na esperança de encontrar-me
Do jeito que sempre quis

Eu que sempre olhava as silhuetas
Agora só vejo o escuro
A luz passou a ser a linha de chegada
Num túnel do tempo da vida

Falo de coisas pacatas
De idéias insensatas
Sei quase nada de mim
Talvez saiba um pouco mais sobre você

Eu que transpareço ingenuidade
Num quadro mal arquitetado de poesia
Não consigo poetizar a minha existência
Sou poeta da estranheza

Eu que sempre não quis ser o que era
Agora tenho saudades de mim
Quiçá isso realmente seja gente:
Dar valor ao que não se tem
E querer de volta o que se tinha

Eu que também já chorei por amores
Agora choro por não tê-los
Sereno que escorre dos meus olhos
Numa serenidade aparente e desespero interior

Esqueci de balancear o meu ego
Entrego-me a monotonia do tempo
Demonstro nas palavras meu fardo
E aposto em ti minha última ficha barata.

Júlia Helena


Nenhum comentário:

Postar um comentário