29 de janeiro de 2013

Sensaçãonacionalista

É questão de sensacionalismo da mídia. Na Índia, uma mulher é estrupada a cada cinco minutos. Ninguém está de luto por causa disso, ou pelo menos toma alguma dor.
A tragédia foi enorme, sim, mas temos arranjar soluções, tomar providências. É difícil ver uns culpando aos outros, sendo hipócritas, por uma fato de extrema relevância, mas que poderia ter sido evitado. E nesse tumulto sem fim, quem acaba pagando com a dor maior são os pais e familiares. Perderam a chance de ver seus filhos tornarem-se grandes homens e mulheres. A terra paga, mais apaga aquilo que deveria ser germinado. Não adianta o luto, o que adiantaria seriam as ações, isto é, se elas fossem tomadas.
Infelizmente ainda vivemos num lugar onde as folhas de papel dominam. Essa democracia mascarada a que nos é acometida. Quando a amnésia da corrupção bater sobre as nossas cabeças, as atitudes só irão ser projetadas e aceitas quando tragédias piores acontecerem. A pouco tempo atrás, presenciei uma situação simples, mas que serve de exemplo para o fato atual. Eis aqui:
"Um certo estabelecimento, tem cerca de oito funcionários. Conversando com a responsável pelo mesmo, o qual tem o alvará da prefeitura, por acaso, começamos a falar sobre visitas da vigilância sanitária. "Inocentemente", ela me contou a história dos banheiros. A lei diz que estabelecimentos com oito ou mais funcionários devem conter no mínimo dois banheiros, uma para o uso da clientela, o outro para os trabalhadores. No entanto, por questões físicas, ela não conseguiria realizar a obra exigida pela vigilância. Depois de algumas visitas da senhora responsável pela limpeza e infraestrutura que foi pedida, a dona do estabelecimento ofereceu serviços a mulher, que trocou o número de funcionários na lista que constaria na prefeitura de nove para sete."
Situação simples e sem importância? Nem um, nem o outro. É a partir de pequenos atos de seres corruptores como estes que vidas são destruídas.
 Enquanto os homens não dominarem a lei, a lei continuará a dominar os homens.

12 de janeiro de 2013

Vídeo da semana: Se dinheiro não existisse?

Para aqueles que andam indecisos quanto ao que fazer após uma situação difícil, ou até mesmo para os jovens que estão prestes a escolher suas futuras profissões, vale a pena assistir à este vídeo. Uma boa indicação também para os que gostam de críticas humanistas e existencialistas.

Karma escolhido


Que drama barato
Que projeto imundo
Fotografia por Arthur Castro. Blog  FocosPro .
É tudo que tenho
Esse é o vosso mundo

Com a licença
De sua presença
Em minha humilde colocação
Eu conto o que não devia
Ou, não sei se vou contar-te não
É que não é do meu feitio
Passar-me por fofoqueiro
Mas a politicagem é suja
Nesse mundo corriqueiro

A politicagem humana
A politicagem do lar
A politicagem dos filhos
A politicagem do bar
A politicagem sem eira
E beira nem tem
Como posso dizer-te isso
Se político és também
Tu és mesmo sem querer ser    
Tu és porque teus pais                disseram que tu eras
Tu és porque nem procurastes saber
O que realmente
Tu queria ser.

11 de janeiro de 2013

II. Alskar dig ocksä

A verdade é que ela não sabia.
Não sabia se deveria seguir ou parar por hora.Sua altivez queria dominar sua mente, mas vosso coração fazia com que a mesma se escondesse em algum lugar do seu corpo, ou num lugar onde não sabia dizer ou ao menos tentar explicar.
Estava em uma guerra a própria alma. Não tinha certeza sobre o que escolher, apenas sabia que tinha que fazê-lo.
Tentava saciar-se com os cheiros. Mas era quase inútil. Apenas alimentava sua fome momentânea e depois causava um buraco ainda maior no seu estômago. Era como se fosse uma gastrite crônica, ela sentia, engolia, e vomitava. Talvez vomitasse aquelas borboletas estragadas. 
O futuro era imprevisível. Porém, a dor que sentia no momento também não foi prevista no passado. Era apenas uma garota, com uma forma de mulher, meio cérebro de criança e uma escolha a fazer.
Talvez fosse difícil entendê-la. Nem ela conseguia fazer isso. Apenas tinha o ínfimo tom que lhe atrapalhava a mente. E o resto de vida que lhe sobrava.             Tinha pouco tempo, achando que já vivera tudo aquilo que podia. Triste engano. Tentou fazer o que não devia. E demais o que devia.
Ensaiava seu epitáfio todos os dias, já havia até feito seu testamento- Os livros ficariam com a Paula, sua caneta preferida com a Alice e seus panos com a Melma. 

10 de janeiro de 2013

A camaleoa


Não irei me prolongar com mais de um dos meus discursos prolixos, mas não quero forçar ninguém a acreditar na minha candura, porque ela não existe.
Estou tão leve, o único problema é que me colocaram numa gangorra.
Não consigo apoiar meus pés no chão. Apenas acho que Dante esqueceu-se de mim na hora de contar os passageiros da barca. Ou não, acho que quem cometeu delito maior foi aquela maldita mulher de Epimeteu, que abriu um saco de crack. Calma, ou foi uma garrafa de cerveja? Ou foi um container de peles de onça? Ah, lembrei. Como eu poderia esquecer? Claro que foi uma caixa de... charutos.
É, você já sabe, porém, irei repetir apenas para lembrar-te: Somente o meu silêncio responderá tudo o que me perguntares. Amo o amor de ser amada. O mundo é o que me faz ser. Viver. Crescer. Criar. Imaginar. Amar. Morrer.
Sua influência é desigual, porém essencial. Mas, qualquer um pode ser essencial, desde que satisfaça o meu desejo momentâneo.
Talvez ninguém seja tão perfeito ao ponto de satisfazer-me por toda a vida. Talvez Einstein ainda fosse inventar a equação do amor. Tarde demais, ele já morreu.
Será mesmo que a rainha Rita tem que remendar a roupa do rei de Roma, que o rato roeu? Bom, acho que a rainha foi às compras com o dinheiro do rei. Comprou uma roupa nova e ainda aproveitou a liquidação de uma loja de sapatos.
O pior é que eu te odeio, às vezes, por dois segundos, depois te amo por milhões de outros. Apenas espere, se o teu orgulho não te deixa me amar, a força das minhas pernas para fazer a plateia do teatro da vida aplaudir meu “gran finale”, é bem maior.
Quem muita corda dar, a corda não irá conseguir parar.
A corda só me faz rodar, mas, libertei-me.
Num “demi plie” me abaixei, e no ar, um lindo “gran geté”. Só te dou um conselho de amigo, a ponta da minha sapatilha pode furar teus olhos.
E como diriam, se conselhos fossem bons, não seriam de graça, e sim, artigos de luxo.
Te dei o que não sabia dar, te disse o que não sabia dizer. Porém, agora o teu futuro é duvidoso.    

Visão futurística

A mágoa suja
Que nos acende
No asqueroso calo
O qual o cimento pisa
A culpa afaga o que a mente
Não apaga

A dor é a lei
Que o homem criou
Foi ele também
Quem criou o criador

A chuva escorre
Dos olhos sutis
O pensar acaba
Num amontoado a se unir
Como a dor que chega
Na tarde a cair

Quem criou tua boca
Também não te fez rir
Pois também já sabia
O que estava por vir.

"Flor no asfalto"

Não, definitivamente não é assim. O mundo é um conjunto de ideias. E um conjunto só funciona se um "todo" fizer parte dele. As pessoas pensam que a natureza da alma de uma das outras gira em torno do seu próprio umbigo, que uma palavra não faz diferença, que um sentimento é mais uma coisa qualquer que se encontra vendendo por ai. 
Os seres humanos que me desculpem, mas vocês estão ficando cada vez mais hipócritas. Continuem a fingir que não veem a realidade, que ela continuará a fingir que acontece da forma que vocês pensam. Um simples ato, uma forma diferente de pensar pode mudar o todo, sim, porque um pode fazer toda a diferença.
É simples dizer "eu aceito". É simples não reclamar quando não se tem opinião própria. É simples agir naturalmente como se nada estivesse acontecendo. Mero engano... Mas, o que eu estou dizendo? Estou falando com seres humanos, e, é isso que eles fazem o tempo todo, se enganam.
Tentar demonstrar que não é igual a massa e que pode agir diferentemente de todos não é tarefa fácil. Principalmente quando as pessoas começam a te olhar de tal forma. Porém, com o passar do tempo, aquelas que realmente merecem o sua companhia e admiração vão saber que você é um dos que vieram para mudar nosso mundinho. Mundinho esse que as "pessoas grandes" acham que podem tomar posse para si, pisar naqueles que elas bem entendem. 
Parece que estão querendo transformar esse espaço num verdadeiro shopping center, onde o dinheiro compra tudo que desejamos, até mesmo pessoas. Mas não se preocupem os que não tem dinheiro, me disseram que já estão quase descobrindo vida em outros planetas e que estão vindo aqui para nos buscar...
Podem conseguir calar a minha boca, proibir meus atos, mas a minha mente... Eles não vão conseguir parar enquanto a vida me permitir. Viemos ao mundo para fazer valer a pena nossa existência, e por mais duro que seja o cimento do asfalto, uma nova flor sempre irá brotar.

9 de janeiro de 2013

I. Memórias de Valentina

Às vezes é muito difícil começar. Na verdade, não somente "às vezes", quase sempre trata-se de uma tarefa difícil, misteriosa, cheia de desafios e obstáculos, mas que são necessários serem vencidos e ultrapassados. Mesmo com quedas e retrocessos, para o êxito tão almejado.
As mudanças estão presentes nos seres, todos os dias, o tempo todo. Contudo, essa presença se relata em diferentes aspectos - quando digo isso, quero levar em conta sua intensidade que não é a mesma em todas as ocasiões, primeiramente por causa de uma culpada chamada "ideia".
Tudo surge a partir da ideia- um fruto que brota na mente de um ser e dar sua cria, tentando mudar seu habitat natural. Mas a ideia é inútil se sozinha, a ideologia só se transforma em mudança juntamente com a ação.
Quando isso acontece transforma-se em uma peste, contagiando cabeças, destruindo, construindo, refazendo, desfazendo, mantendo... Mudando.
Será que algo pode começar depois de uma vírgula?
Ou continuar a ser o que era depois de um ponto final?
Palavras jogadas ao vento sabem o caminho de casa ou encontram um novo lar ?
São tantas perguntas achadas. São tantas respostas perdidas.
É uma pena que o caça-respostas da vida seja tão complicado, pois sempre vão surgir mais perguntas e perguntas levam a procura de respostas, que geram mais perguntas, que levantam outros questionamentos e por ai vai. Perguntas são como bactérias, mas, sinceramente, bactérias ou células malignas podem simplesmente serem mais fáceis de combater-se do que perguntas.
Estive pensando se as respostas não poderiam ser encontradas nas próprias perguntas. Entretanto, essas ideias levianas só confundem mais minha cabeça. O certo mesmo é acreditar.
Acreditar. Uma palavra que se encontra dentro de outro buraco, muito difícil de ser pega para si. Nem tudo que se ver é verdadeiro, mas nem tudo que não é visto é impossível de existir. Como vi um certo alguém dizendo um dia desses "o jeito é acreditar chorando". Certas vezes, o início pode ser a parte do meio.
Mas na verdade, não é esse o meu propósito de está aqui. Aliás, você que ler-me nesse exato momento já se perguntou o porquê de estar aqui?
Eu sim. Várias e várias vezes. Até hoje procuro a resposta, mas tenho a esperança de um dia encontrá-la. Há uns que dizem que não estamos aqui por acaso, que somos alvo de uma força maior que nos protege e conduz. Outros tentam achar a resposta de onde viemos e para onde vamos. Há também quem fique em cima do muro e não saiba para que lado cair. Ou até sabe, mas tem vergonha de mostrar sua opinião.
O que me resta é esperar e crer piamente no arco-íris. É, aquele que chamamos de amor. Onde cada cor tem um tom. Um dom. Um som. Um bom. 

A triste pata de elefante

Qual o motivo de escutares minhas orelhas? Não consigo enxergar o porquê, pois, elas nunca falam verdades.
O mundo me fez ter alma de macaco e elefante, respectivamente. Espero que minha manada não me siga um dia, mas, já tenho doze anos. Preciso ficar só para viver.
Não sabes utilizar tua tromba, e me destes, por algum motivo, o marfim dos teus dentes, pois os meus estão fracos e já começaram a cair. Minha história deveria se manter num eterno status quo, mas, encontrei uma pata de elefante no meio do caminho. Segui-a, e por fim, descobri que também sou um deles.
Perdi meus afins. Na verdade, tive que deixa-los. Eis aqui o meu triste fim.
Sou mexicana, e dizem que tenho que viver com protetor solar, o que me deixa inconsolada. Sinto falta das minhas flores, não há o que fazer, senão, observar as dos meus companheiros.
Apenas tenho orgulho das minhas raízes, sim, orgulho, pois foi você quem preparou o solo.
Minha imagem majestosa- gorda, orelhas grandes, nariz alongado e dentuça- só te mostra o que não sou, mas, que gostaria de ser.
Apenas espero que não vendas as minhas presas.
Minha reserva de água está se esgotando, a estiagem foi muito longa e o deserto se aproxima.
Não basta me ver para me conhecer, é preciso escutar-me, quer dizer, escutar minhas orelhas de paquiderme. Não me atinja com o seu elephant gun, se eu conseguisse, fugiria de você, porém, a vida me decretou a viver na savana.
Preciso ir, o céu está estrelado, o meu eu precisa ficar sozinho.
O meu pressentimento não estava errado, meus companheiros me seguirão, meus condutos nervosos me tornarão sensível e minhas cinco toneladas me deixam leve como uma pluma.