9 de fevereiro de 2013

III. Expectativas banais



Ele estava lá, sempre à espera. No banco da praça, na fila do mercado, na fila do cinema, na fila do banco, na fila da sopa, na fila de entrada, na fila de saída, na fila da sala de espera.
Até no terapeuta existe fila.  Mas ora essa, que contradição- só existe loucura, porque existe fila. Só existe fila, porque existe espera.
Esperamos a chegada hora. Como outros diriam, esperamos a “hora H”.
Esperamos ser felizes. E, enquanto este dia não chega, esperamos morrer.
Mas, eis uma coisa interessante. Vivemos em busca da felicidade, vivemos para sermos felizes. E o que é a felicidade se não for os inconstantes momentos? Como definiríamos a moça se não existisse a velha tristeza?
Imagem por Arthur Castro. FocosPro
Almejamos o dia em que vai existir o para sempre. E não sabemos que ele já existe, só que “o para sempre, sempre acaba”. Não preciso que não acabe, apenas quero que dure um pouco mais. É difícil encontrar sentido. Entretanto, o fato é que não sabemos dar nome aos sentimentos.
Só que agora consigo sentir a presença. Jogou-se tudo no vento de um tufão e um jovem mar apareceu, hoje de novo. Esse mar que se faz de vítima, mas que no fundo, ainda é o que atordoa. Uma verdadeira mistura de água, sons e céu.
Tive a terrível sensação de uma lua surgindo, ainda mesmo com as últimas flechas de sol, as quais já consigo abrir meus olhos e encará-las frente a frente.
No final de tudo, é a liberdade que nos acalanta. Aquela que de vez em quando, aparece por vós, submergindo a todos os nossos problemas.
Ela estava a sua espera. Não saía de lá, porque sabia que em algum momento chegaria. A espera vos desencontrou. Ele esperava e ela também.
A única coisa que vos ligava era a chuva que caía dos vos ligava eram as gotas de chuva que caíam dos olhos deles, e padeciam sobre vossos peitos.
Sempre obra da espera. Pois quem muito espera, nunca alcança.

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