12 de fevereiro de 2013

Ímpar: sem par



Dois poços cristalinos? Duas esmeraldas? Um par de pedaços do céu? 
Ainda não sei ao certo. Apenas tenho a certeza de uma profunda segurança que me transmitem.
Não tenho cartas com letras de forma, nem tenho lembranças. Na verdade, também não tenho vacina. É que não sou vacinada contra esse encanto que sobre mim se reflete.
A felicidade me deixa levemente sóbria. Estou embriagada de solidão. Só quero uma dose de você. Dou-te um porre de mim.
Amanhã é quarta-feira de cinzas. Foi o que me disseram. Eu sei que é quarta-feira. Porém, acho que as cinzas me contêm. Meu mundo agora é preto e branco. Procuro sua presença.
Meu pulso ainda pulsa, entretanto, não mais como antes. Falta o vermelho nas minhas artérias. Falta o calor do teu sangue no meu.
De que serve um arco-íris inteiro, se não tem a cor dos teus olhos? Porque tenho a confiança de que ela é única.
Podem medicar minha amargura e me contestar por inteira, que de nada adiantará. Teus olhos são meu único remédio.
O desespero que me aperta, é saber que só em nascer, prontamente estamos a morrer. Não quero perder mais um minuto de suspiro sem ti.
Espero muito, vivo pouco, faço planos demais.
É impossível se adaptar ao ímpar. O dois sempre soa melhor.
Esses teus dois brotos são o espelho da minha alma. Talvez ai eu demonstre minha profunda agonia por saberes realmente quem sou. Essas fitadas fixas me causam calafrios. É como se minha mente bebesse cicuta. Tudo parece parar devagar. Padecendo lentamente.
A timidez que não me pertence, cai sobre mim. Minha nuca arrepia.
Por algum tempo, noto que o infinito está dentro desse teu olhar. É tudo que eu mais preciso.
Disseram-me que cada olho tem sua beleza, e cada beleza tem seus olhos. E não estavam errados. Não existe menos distância entre tu e tal premissa. São as minhas pérolas, que me acompanham por onde quer que eu vá.
Quiçá tudo isso também não passe do meu maior medo. Tenho medo do meu olhar nunca cruzar com o teu.

   

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