19 de julho de 2013

CRÔNICA: Metabolismo, balança e idade


Aí ele veio com aquela velha história. Eu não queria nem escutar, porque afinal de contas, de velha já basta eu. Quero dizer, velha de alma, de espírito, de comportamento, de princípios... Mas sempre digo que sou velha, e isso não é nenhuma auto teoria. Todos sempre acrescentam três ou quatro anos a minha idade física, cerca de oito a dez anos na minha idade mental e na idade moral, essa aí eu prefiro nem comentar. Se quiser me chamar de careta, o problema vai ser seu. Nem ligo pra isso. Como não ligo mais pra você.
Já passou o tempo que a janelinha do msn (pra vocês verem como eu sou velha) abria no canto da computador e eu sentia um frio na barriga. É, já passou há muito tempo. E não há nada melhor que o tempo para amadurecer uma jaca que já está podre. Qual é o problema? Só porque foi o Fitzgerald que fez essa espécie de analogia com o Benjamin Button que eu não posso fazer também? Aaah, me poupe.
O único erro da minha mãe foi não ter feito-me uns cinco anos antes da minha real data de nascimento. Caso isso estivesse acontecido, eu não precisaria estar aqui hoje falando essas asneiras. Você não se importa? E quem te perguntou se eu me importo que você se importe comigo? Tá vendo, já estou repetindo as palavras. Odeio isso.
Fotografia por Júlia Helena. "cativando-se.blogspot.com"
A verdade é que você já era pra ter ido embora. Sim, os meus filmes e livros do meu quarto são companhia bem melhor. Você não sabe, mas o meu laço de amizade com a Clarice Lispector e Johnny Deep está se estreitando cada vez mais. Passamos horas conversando.

Você? É só mais um que pagou aquele sorvete barato da esquina pra mim, e que segundo minha avó, é um “pão”. Pão engorda muito e eu estou de dieta. Estou altamente light esses dias. Já perdi dois quilos de preocupação. Só que o meu personal trainer avaliou minha meta em dez quilos. 
Isso é bem fácil de perder. Já pode ir embora.

Júlia Helena

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