9 de janeiro de 2013

A triste pata de elefante

Qual o motivo de escutares minhas orelhas? Não consigo enxergar o porquê, pois, elas nunca falam verdades.
O mundo me fez ter alma de macaco e elefante, respectivamente. Espero que minha manada não me siga um dia, mas, já tenho doze anos. Preciso ficar só para viver.
Não sabes utilizar tua tromba, e me destes, por algum motivo, o marfim dos teus dentes, pois os meus estão fracos e já começaram a cair. Minha história deveria se manter num eterno status quo, mas, encontrei uma pata de elefante no meio do caminho. Segui-a, e por fim, descobri que também sou um deles.
Perdi meus afins. Na verdade, tive que deixa-los. Eis aqui o meu triste fim.
Sou mexicana, e dizem que tenho que viver com protetor solar, o que me deixa inconsolada. Sinto falta das minhas flores, não há o que fazer, senão, observar as dos meus companheiros.
Apenas tenho orgulho das minhas raízes, sim, orgulho, pois foi você quem preparou o solo.
Minha imagem majestosa- gorda, orelhas grandes, nariz alongado e dentuça- só te mostra o que não sou, mas, que gostaria de ser.
Apenas espero que não vendas as minhas presas.
Minha reserva de água está se esgotando, a estiagem foi muito longa e o deserto se aproxima.
Não basta me ver para me conhecer, é preciso escutar-me, quer dizer, escutar minhas orelhas de paquiderme. Não me atinja com o seu elephant gun, se eu conseguisse, fugiria de você, porém, a vida me decretou a viver na savana.
Preciso ir, o céu está estrelado, o meu eu precisa ficar sozinho.
O meu pressentimento não estava errado, meus companheiros me seguirão, meus condutos nervosos me tornarão sensível e minhas cinco toneladas me deixam leve como uma pluma. 

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