22 de junho de 2013

Sobre a vida, sobre a mesa.



Quero adentrar nesta noite fria
Como se pudesse adentrar no calor de minh’alma
Controle remoto para euforia
Silêncio profundo que não se acaba

O vento assobia
E deixa um sussurro
Da poeira e melancolia
Do meu velho Dom Casmurro
Que me serve de companhia
Na insônia que empurro
Com esses versos de cortesia
Até escutar o primeiro urro
Que não sei se vem de mim
Ou da memória que ainda me falha

Ei, você aí
Presta atenção na minha mania
Na mania que tenho de ti

Quantas pétalas no chão
Caíram no ‘mal me quer’
Prendo a respiração
Mas é que um lento suspiro
Está preso em mim como um furacão
Escuta só o grito do meu silêncio
E não me deixes sonhar em vão

Tenho padecido na ausência tua
Noites em claro
Procurando na lua
A verdade
Que de verdade
Está guardada contigo a sete chaves

Ah, coração
Ancorou este navio
Dentro do meu peito
No qual eu me deleito
Nesses versos sutis
Pois mais vale um amor não correspondido
Vale também
Um amor proibido
O que nada vale
É um amor corrompido

De que adiantam estas belas máscaras
Se dentro de tu
O fiel sentimento não perpassa
A minha tamanha indignação
Sou escrava do meu eu
Sou escrava da escuridão
De quem venda os meus olhos
E me tira um pedaço de chão

Diz-me os teus “segredos de liquidificador”
Prometo ser a menina dos teus olhos
E sempre ser a tua flor

Só quero saber onde estás
Não me deixa a flor da pele
Meu “codinome beija-flor”

É que essa saudade
Transporta-me para a realidade
Que ao menos não vivi
Porque tranquilidade
É sinônimo de ter-te aqui

O problema não é a pele
Nem a carne fraca
A questão talvez seja
Esse mundo corriqueiro
Em que o amor de todo mundo
Se desfaz o ano inteiro
E se refaz de um jeito
Que nem a filosofia explica
Ou a ciência entende

Amor aqui nesta terra
É igual a barraca do beijo
Se paga pelo momento
Avalia-se pela peça
E pelo investimento

Por isso que amo tanto
Mas amo sem saber a quem
Pois, um dia, meu bem
Se à ti eu pertenço
Não penso
Nem repenso
O que só me faz apetecer
Uma brisa calma
Uma clara manhã
E um denso anoitecer

Ser assim
Só me mostra o quão humana sou
O que também me lembra
Que a amar assim não estou
Porquanto não encontrei
E não vivo a procurar

Se um dia me achares
Me avisa, amor
Porque a vida é curta
O caminho é longo
O destino é fraco
E por amor só se vive
E não se sobrevive.
                                                                       Júlia Helena

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