27 de junho de 2013

A efervescência de ser brasileiro



Hoje, infelizmente, não venho aqui para postar algum poema ou uma prosa mansa. Venho por um motivo que me assusta e que, de algum modo, corrompe os meus pensamentos e ideais.
Há algumas semanas atrás, iniciaram-se manifestações por todo o país, que eu não precisarei explorar mais detalhes, pois todos nós estamos sendo bombardeados de informações pela mídia, que de certa forma, não tenta nos persuadir com a transmissão da informação, e sim, condensar nossas mentes a acreditar no que é exposto por essas caixinhas de surpresas.
Nos primeiros dias, me sentia extasiada e com um sentimento de liberdade de expressão mais efervescente no meu sangue do que nunca. Senti-me brasileira de verdade, e conhecia o orgulho de gritar isso junto a todas as outras vozes, que formavam um coral de libertação pelas ruas do Brasil.
Cheguei a entrar em desacordo com meus pais por não permitirem ir às ruas protestar por um “não sei o que lá”, como todos faziam. Pois é, como previsto, a mídia também ocultou a minha argumentação diante deles. Mesmo assim, não redimi minha força de combate, e propaguei como pude essa nova forma de ser patriota. É claro que fiz isso da mesma forma como tudo começou- pelas redes sociais.
Cartum alemão que diz no balão "Não funciona mais"
No dia 20 de junho, a cidade de Recife acordou com outros olhos. Era o dia em que foi marcada oficialmente a manifestação no centro da cidade. Não estive presente, mas, contei com a presença de muitos amigos, que puderam testemunhar o acontecimento e me afirmar que, de fato, o protesto foi pacífico. Porém, protesto pacífico não dá audiência, não é mesmo?
Agora faço um apelo a esses meus amigos que estão indo as ruas. E faço uma denúncia (que já é de se imaginar) sobre o despreparo da rota policial que acompanha esses protestos. Nesses últimos dias, aconteceram outras “manifestações relâmpago”, em que vários de meus amigos e alguns conhecidos foram atingidos por balas de borracha e spray de pimenta, quando só exerciam seus direitos de liberdade de expressão enquanto cidadãos.
Peço que não me julguem mal, este pedido não é para que, vocês, jovens, deixem de ir às ruas. Pelo contrário, já conseguimos algumas migalhas que nos foram tiradas, precisamos continuar a luta, pois, muito do que se perdeu ainda há de ser reconquistado. Só gostaria de deixar um aviso para as nossas autoridades que pensam que podem nos conter com a sua força física e artefatos de “efeito moral”- enquanto existir cabeças pensantes e voz, nós não vamos parar- essa é a nossa verdadeira arma, e é com ela que venceremos todas as batalhas, dia após dia.
Para aqueles que também não estão autorizados a ir para as ruas, peço que não hesitem sobre o poder de seus pais. O excesso de zelo na maioria das vezes é uma demonstração de amor a um bem tão importante que é uma vida.
Espero que não somente aqueles que conheço, mas todos que sofreram algum tipo de violência física não desistam  do combate a nossa insatisfação, pois é necessário, primeiramente, um desequilíbrio do sistema para que possamos reorganizar e por a casa em ordem.

Júlia Helena

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