A
insônia não te deixa adormecer. Finalmente, um cochilo te aquieta. Foi rápido
demais... Você acordou e voltou para o mundo em que as mães não são para sempre
e chocolate engorda.
Sente-se
atônita e, ao mesmo tempo, inútil por não poder fazer nada. Entretanto, parece
que desta vez não foi só você que acordou deste breve cochilo.
Peço
mil desculpas por usar os termos no gênero feminino neste desabafo de
consciência. O fato pelo qual faço isso está ligado somente ao sexo a qual
pertenço e jamais condiz com meu público leitor. Não tenho ao menos público-
alvo para estas meras palavras. Apenas quero gritar a minha êxtase momentânea e
tentar sucumbir o medo que mentalmente me apavora.
Prefiro
dizer que também sou filha do mundo. E como todo filho de peixe, peixinho é,
tenho a necessidade de refletir o que a minha raiz anda por mostrar.
Deixarei
um pouco de lado essa enganação barata de texto (às vezes, odeio as regras da
língua portuguesa, principalmente quando a ansiedade toma conta de mim).
Acredito que já saibam aonde quero chegar. Ou se não sabem, ao menos cogitam
algumas ideias.
Poderia
citar diversos trechos poéticos do meu amabilíssimo Renato Russo para dar tal
explicação. Mas, seria clichê demais (sem querer tirar toda honra e glória do
mestre intelectual da ‘Geração Coca-Cola’) uma vez que os últimos
acontecimentos da mídia cinematográfica já saturaram tal tema.
Vou
tentar deter-me a palavras mais objetivas, pois, creio eu que uma certa vaia
ainda ecoe na mente dos senhores. Não somente uma vaia – diversas imagens de
uma população jovem que se rebela também estão em julgo- o que só faz crescer
meu sentimento de inutilidade. Numa tentativa de atenuar tão situação é que vos
escrevo, porque se você não é um patriota assíduo o bastante, utilize a desculpa
de “tentar ajudar a corromper a vontade egocêntrica de alguns jovens que estão
tentando mudar o país”.
Enquanto
tentava organizar meus pensamentos, incrivelmente recebi a seguinte mensagem: “O
sonho pode sobreviver a tudo, até a morte”. Então, a chama do meu sentimento
logo voltou a tona, e pude realmente compreender a aflição de toda uma legião.
Porém, não queria me deixar levar apenas pelos hormônios da juventude.
Se
agora é esta a emoção que nos calha, não tenho a mínima discordância quanto a
isso. Afinal de contas, a primeira coisa que veio em nossas mentes foi “Será
que agora a população realmente tomou juízo?”.
Bem,
o fato é que o projeto é verdadeiramente interessante e motivador. Tão
motivador que cativa esse povo saturado e insipiente a lutar por uma causa
justa, mas não verdadeira.
Muitas
pessoas não sabem nem o porquê dos protestos, apenas deixam-se envolver pelo
clima de euforia, coisa já bem típica dos brasileiros. A corrupção e as
recentes injustiças do governo contra os índios ou o preconceito contra a união
homo afetivo são exemplos de fatos que comprometiam toda a liberdade de uma
nação, pois como diria Sartre, a liberdade não é um direito que nos foi
concedido, ela nos foi outorgada.
Ninguém
teve a coragem de atirar a primeira pedra. Eis que aparece esse grupo “paulista”,
que utilizou o aumento dos preços das passagens de ônibus como a gota d’água.
A
verdade é que não se pode esquecer que houve uma real emoção do ex-presidente
(e de todos os brasileiros convictos) ao conseguir colocar nosso país numa
posição notável no plano exterior. Sétima economia do mundo, tecnologia para pressal,
sede da copa das confederações/ mundial e das próximas olimpíadas.
Pode-se
dizer que estas conquistas são positivíssimas se levarmos em consideração todo
o capital que será movimentado pela ação do turismo e até mesmo as obras
públicas (que deveriam ser feitas mesmo sem os presentes acontecimentos) que
serão realizadas em prol dos eventos.
Volto
a dizer que são ótimas as conquistas, até o momento em que não tivemos a
interferência da corrupção. O país estaria num mar de rosas se com esses
investimentos, o capital gerado pudesse ser realmente reembolsado na educação,
saúde, segurança e tantas outras falhas do governo desta nação.
Porém,
a ascensão deste emergente e subdesenvolvido país é perigosa. As entrelinhas do
que há para acontecer são bem maiores do que se possa imaginar. Muitos, com
certeza, não pararam para pensar. Alguém já se perguntou sobre “o que não vai
ser a Copa?”. A resposta é simples com significado complexo: a Coca-Cola. Pois
é, multinacional norte-americana, dedinho estadunidense...
Não
sei ao certo quantos tiveram o mesmo pensamento. Mas, se as recentes rebeliões
obtiveram embasamento em pelo menos uma pequena gama desse aspecto, de fato, é
de se assustar.
A
personalidade, em geral, passiva do brasileiro, de fingir-se de cego (ou que “alguém”
venda os olhos) mudou radicalmente numa época tão tumultuada como a que
vivemos. São quatro anos seguidos de acontecimentos históricos e economicamente
marcantes para o país:
2013-
Copa das Confederações
2014-
Copa do Mundo
2015-
Eleição de mandato para a presidência
2016-
Olimpíadas
É
importante fixar bem os olhares principalmente no ano de 2015. Não esqueçam de
quem realmente patrocinou a ditadura há alguns anos atrás. Assim como o meu
possível egocentrismo sobre o atual estado de aflição, enquanto estudante, para
tais acontecimentos, tudo que se faz na vida se tem a esperança de ser
recíproco. Mas, nem sempre essa troca é tão vantajosa para ambos os lados.
A
nossa democracia permite aos jovens a luta por um país melhor. Mas a motivação
para essa luta talvez seja dada por aqueles que almejam algo por que se rouba,
se corrompe e se mata.
Embora
que especulativa, a situação é pavorosa e há uma possibilidade concreta a
favor.
Por Júlia Helena e Águida Dantas
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