![]() |
Timothy Archibald |
Eu que tanto
cobiço a defasagem
Sentia-me
defasada do mundo
Sentimento
que calha para a felicidade da alma
E entristece
o corpo
Eu que tanto
gritei nas esquinas
Clamando o
protelamento do fútil
Agora me
sinto defasada do toque
Que a
solidão prolonga e a infelicidade perpassa
Sinto-me tão
igual
Eu que
sempre fui diferente
Eu que
sempre quis ser
Agora estou
aqui
Cito versos
inúteis
Que não
traduzem a extensão do meu vácuo interno
Falam pouco
sobre o meu profundo sentimento
De ilusão
não correspondida
Eu que
sempre me procurei
Agora fujo
de mim
Na esperança
de encontrar-me
Do jeito que
sempre quis
Eu que
sempre olhava as silhuetas
Agora só
vejo o escuro
A luz passou
a ser a linha de chegada
Num túnel do
tempo da vida
Falo de
coisas pacatas
De idéias
insensatas
Sei quase
nada de mim
Talvez saiba
um pouco mais sobre você
Eu que
transpareço ingenuidade
Num quadro
mal arquitetado de poesia
Não consigo
poetizar a minha existência
Sou poeta da
estranheza
Eu que sempre
não quis ser o que era
Agora tenho
saudades de mim
Quiçá isso
realmente seja gente:
Dar valor ao
que não se tem
E querer de
volta o que se tinha
Eu que
também já chorei por amores
Agora choro
por não tê-los
Sereno que
escorre dos meus olhos
Numa
serenidade aparente e desespero interior
Esqueci de
balancear o meu ego
Entrego-me a
monotonia do tempo
Demonstro nas
palavras meu fardo
E aposto em
ti minha última ficha barata.
Júlia Helena
Nenhum comentário:
Postar um comentário