É
verdade que algumas dúvidas nos ocorrem no dia-a-dia. Duvidamos de coisas que,
por um sequer momento, imaginaríamos cogitar a sua real essência. A vida sempre
está a nos pregar muitas peças. E precisamos aprender a conviver com elas.
Não
me leve a mal, porém outro dia me deparei com uma situação que me levou a uma
intensa melancolia. Isso me ocorreu pelo simples fato de ter encontrado um pai
com sua filha num carrinho de bebê. Eis a situação – Enquanto a mãe estava
dentro da loja numa “batalha incansável” a busca de roupas, ao mesmo tempo, o
pai fingia que pilotava um carro de corrida e cruzava os cabides, fazendo um
intenso barulho com risadas contagiantes, o que me levou a enxergar uma espécie
de “País das maravilhas”.
De
fato, olhei ao redor e vi muitas caras de desagrado. O que provavelmente
conduziu minha atenção para aquele caso foi o entusiasmo com que o pai cumpria
sua tarefa ao passo que observava a alegria com que sua pequena filha o contemplava.
Alguns me perguntarão pela mãe, porém nesta hora, eu já não estava mais a
prestar tanta atenção. Só me detinha a tentar responder as perguntas que por
minha mera presença vagavam, como se nada mais tivesse o poder de dilatar tanto
minhas pupilas.
Saí
dali ainda tentando entender o que se passou comigo, o que não seria
compreensível a qualquer um pobre de espírito, pois, situações singelas não
aquecem todos os corações. Bom, se você não conseguiu captar minha mensagem,
reflita sobre o que vos disseram -“Ainda que eu falasse a língua dos homens,
sem amor eu nada seria”- e tente fechar os olhos. Pense em pessoas ou coisas
que te levariam a qualquer lugar, independente do esforço que fosse preciso.
Pense nas lembranças, nas vitórias, nas derrotas, nas saudades, nas alegrias,
nas tristezas, na saúde e na doença. Pense sobre o que você jamais imaginou
pensar. Não se preocupe com o tempo, o relógio dos céus não conta os segundos,
os minutos, as horas...
Nesse
momento, descobri que só me restava um suco de laranjas ácidas. Outorgaram-nos
a sermos prisioneiros da nossa própria mente. Não reivindicamos, aceitar é
sempre mais fácil. E a verdade é que temos um verdadeiro imã com o que não nos
cansa pensar.
Somos
frenéticos e calculistas, amamos e odiamos, caímos e levantamos, dormimos e
acordamos, não usamos nossa força, embora sonhamos.
Talvez
isso seja obra de algum Si-fi que tenha descoberto primeiro a droga do saber. Não
há nada mais viciante que ela, embora também não haja nada mais perigoso que a
liberdade de usá-la.
No
final, descobri que estou presa em mim mais do que nunca. Será que foi a má
sorte do treze?
Júlia Helena
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